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O passado e Eu

Imagem de Myriam Zilles por Pixabay 

O passado e o presente se reúnem mais uma vez para darem voz à nostalgia.

Não seria preciso escrever este textículo para impulsionar meu sentir e minha construção, mas se pensarmos sempre assim, o mundo não teria tomado os rumos que tomou. O ser humano necessita criar... e destruir, infelizmente. 

Tudo começa com uma notícia... Ah, as notícias sempre chocam porque elas são novidades e, assim, se são desconhecidas, geram estranhezas em um primeiro (des)compasso. Eis que estarreci. Cai. 

Cair não necessariamente é algo ruim; cair significa que por algum momento estivemos em pé, e que estar no chão também tem suas vantagens. A principal delas é a resistência. Criamos muito disso. De resistência (uma necessidade). Ao estar no chão consegui distinguir muito do que havia acontecido. Aprendi que não preciso estar em pé para lidar com a felicidade, e que ela não é algo permanente, mas pode ser (re)criada. O chão, porém, pode nos parecer confortável, aliás, não precisamos lidar com a gravidade nos pressionando por tantos lados, daí a necessidade de se mover, de se erguer, de sair do chão. 

Ergui. E me apaixonei de repente. 

"Gimme, Gimme, Gimme!!!" Ao som de ABBA estive contemplando hotéis, carros, amigos, natureza, sonhos, vontades, viagens, presentes... Beijos e abraços sempre foram tão bons. Dormir. Acordar. Te ver. Olhar-nos. Estar em braços apertados, e com uma vontade desmedida de mudar, de alterar meus caminhos para que fizessem-se nossos. 

Fui Traído. Cai, novamente. 

Eis que aboleto sanguinariamente no chão e ali quero permanecer por toda a vida. Angústias, sombras, doenças, cenhos rosados pelas lágrimas que tanto caíam. A dor também faz parte de nossas vidas, a felicidade não é permanente, apesar de poder ser (re)criada. A dor estarrece, aniquila; contudo, ensina. 

Uma hora ou outra o amor por si mesmo tem que falar mais alto e as estrelas precisam brilhar novamente para que tudo possa se refazer com mais verdade, verdade sobre si, e sobre outrem. 

Ergo-me do auspicioso solo argiloso que já me fazia criar raízes fecundas. Saio. Levanto-me, deito-me em ar-condicionado. Deito-me na pele macia e negra. Deito-me sobre sua barba, que mais me encantava porque era você. Saio de casa, propulsiono-me pela gentileza, pelas palavras de amor, de sonhos, de construção de uma vida. Vou ao seu encontro. Beijo. Beijo. Beijo. Ao passo que aprecio a natureza genuína e escarlate, vejo seus olhos enegrecidos, seus pelos sobre mim. A "praia" dos sonhos, da lua clara, das estrelas mais belas está sobre nós. Sobre o amor que encontrei em mim e em você. Festejo, bebo, caio, levanto, adoeço, estremeço... E num rompante, estamos sós, cada um em sua casa tentando entender o que poderia ter nos levado ao fim.

Pois é... Mais um fim nessa fase maravilhosa da minha vida. Estive no chão há pouco tempo, estive lá com vontade de desistir de tudo, de todos, de mim. Dos planetas que nem sabemos que existem, da lua que pouco acho certo que o homem a tenha pisoteado de fato. Fico aqui a mercê da reconstrução. 

A paciência... a virtude que desenvolvi. A paciência, filha do tempo, que rasga o ego, que retorce o medo, que modificou quem sou e o que sempre quis, pelo caminho que busquei. Cá estamos, o passado e eu, escrevendo essas linhas massacrantes, que para alguns possam ser identitárias, mas que para mim revelam realmente o que tanto amei, o que tanto vivi e o que tanto me massacrou em tão pouco tempo. 

Aprender, construir, reconstruir e destruir, parece-me que a vida é mesmo uma montanha-russa, que pouco temos controle... O que nos sobra é a tentativa de (re)construção dos trilhos da melhor forma possível, para que as quedas sejam menos dolorosas e as subidas sejam menos desgastantes. 

Obrigado por ler até aqui!! 😍

Comentários

  1. Lindo texto, adorei mesmo, é aquele dito: só podemos lidar com a alegria, se conhecermos bem a dor, além disso, aprendendermos a nos moldar nela.

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