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A Lua e Vênus

 



Imagem do próprio autor deste Blog. Lua e Vênus vistos da cidade de Bastos-SP. 

Adoecer é padecer da alma. A gente nunca espera que ela chegue, mas indiscutivelmente, poderá. Aconteceu, mas do contrário do que mencionei, foi porque sofri demais. 

Quem diria que sofrimento adoeceria, não é mesmo? Estou aqui, virado para baixo, o famoso "de bruços", porque fiz uma cirurgia para retirada de uma fístula perianal, e de bônus soube que tenho hiperplasias (benignas), o que para minha vida funcional ainda não faz nenhuma diferença. Não mencionei que estes são os meus únicos problemas de saúde, eu já adquiri muito mais durante meus relacionamentos anteriores. 

Espera aí,  acha que estou atrelando doenças aos meus relacionamentos fracassados? Talvez exista uma variável espúria nisso tudo e com o passar dos (d)anos, tenho batido o martelo. Não é fácil chegar a tal constatação, acredite! Até porque é complexo demais "jogar a culpa" das minhas escolhas nas pessoas que escolheram caminhar comigo durante um período da minha vida. Mas sim, o estresse dos relacionamentos tóxicos que tive me deixaram doente física e mentalmente. Quem dera eu pudesse estar errado? Gostaria de fingir que metade das desavenças que tive foram balbúrdias proferidas sem nem um teor de maldade destilada. Infelizmente, foram caos. 

Não digo que tem sido fácil analisar a vida pretérita, porque nunca foi, mas tenho entrado em outra chave (guia): relacionamentos não são para mim. Além de não poder revelar aos meus leitores meus problemas de ansiedade, insegurança e desequilíbrio mental, eu não poderia alegar que manter um relacionamento nessas condições é deveras perturbador! Todavia, não pense que não procurei ajuda, fui atrás de tudo, até dos astros, e preferi ficar com uma psicóloga de outro estado, senão dizer da mesma cidade do meu último ex-namorado. Ela parecia boa demais, mas na época me colocava contra o meu próprio relacionamento, o que me fazia ter mais crises dentro e fora, e isso me gerava uma cascata metabólica negativa imensa. 

Não é fácil crescer sem a presença de um pai responsável e que ensine a você o conceito prático de segurança. Ausubel, Freud, Vygotsky, não sei bem qual deles agora, senão todos, me ensinaram isso na teoria. Eu reviro todas as noites quando penso que me encontro sozinho mais uma vez, uma lágrima ou outra saltam e eu percebo que minha vida era sempre mais feliz (sinônimo de equilíbrio) quando eu não tinha feito dela este caos todo, atrelando meus sentimentos mais puros às pessoas que diziam me amar de verdade. 

Contudo, não me julgue! Eu lutei por um amor real e cheio de paz. Luto, aliás! E, do contrário da morte, eu sempre sonhei com um que eu pudesse contar em todos os momentos e que me sentisse entendido quanto aos sentimentos que carrego; há coisas indispensáveis para mim, e com certeza me culpar por tudo que sinto não é uma delas. Eu amo sentir e expressar, me tornam vivo, real e essencialmente humano. Eu prefiro mil vezes me amar solo que ser amado sem perceber que sou entendido de verdade. Aconteceu mais uma vez, eu vi o cenho daquele que dizia me amar profundamente, gozando da minha dor ao relatar que os meus sentimentos foram afetados, e, que o primeiro dia do ano era para ter sido muito especial! Pareço controlador às vezes, mas eu sou romântico para além da imaginação alheia e organizo cenas que não as cobro de ninguém, mas já que elas não acontecem, que sejam respeitadas, e não gozadas num rosto infértil que transcreveram claramente tudo o que a boca do contrário me dizia há dois anos. 

Pois bem, neste exato momento vejo Vênus a par da Lua, num céu límpido, coberto apenas de olhares que sonhavam, expressando aquele sentimento da perda de alguém que estava mais no meu subconsciente do que na minha mente. A porta tende a abrir e eu olho com desânimo, um pouco sem cor e olheiras devido a doença recente; aliás, esse tem sido meu estado dos últimos meses, o que descaracteriza o meu ser. Lembra que disse que era mais feliz (sinônimo de equilíbrio)? Agora, a "semi-Lua" me olha como quem olha Vênus se distanciando de si, para alcançar novas rotas e talvez um dia lhe dar um ínfimo "oi". 


Escrito por Bruno Silva, em mais um de seus devaneios passageiros.

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