Olho a porta entreaberta, vejo a mulher mais importante da minha vida. Ela está ali, mais uma vez, varrendo o chão, cuidando, distribuindo amor. Ela está ali, mais uma vez, realizando aquilo que mais ama, me inspirando, inspirando os outros ao seu redor.
Enquanto a vejo pela porta entreaberta, meus pensamentos voam, pois sinto meu amor se liquefazer entre meus dedos; todos os sonhos indo embora em um único momento. Ontem, ainda, eu olhei a janela do prédio, vi a vista, os alunos indo embora e eu ficando ali mais uma vez. É triste, parece.
O sentimento do fim ou da chegada dele é crucial. São sonhos que se vão, que foram formados a custas perdas; mas, pelo que parece, é necessário. Um amigo reaparece, me manda uma mensagem me relembrando da minha vida antes de tudo. Eu caio em um precipício, e rolo a milhas de quilômetros. Minha vida parece que é sempre assim, essa vergonha alheia, um momento, afago, um momento, paixão, um momento, amor, e, de repente, todos os momentos, escuridão.
Os amigos foram embora, a vida se deu, as flores murcharam, e a vida se deu. Eu cai de joelhos, machuquei o intestino, tive problemas de saúde, saí e corri.
Lembro-me do dia que saímos todos juntos, que subiram as escadas da casa mais velha que eu já vi, e foi tudo uma aventura, uma contemplação, um momento. Isso! Como todo o sempre, sempre será só um momento. Sempre será um momento e nada mais. Viver tem parecido isso, momento.
Não deixo conselhos de vida, pois cada vida é diferente; nunca os meus conselhos serão suficientes para qualquer outro ser, nem mesmo para mim quando estiver em outra época, em outra situação. Tudo é tão peculiar.
E, agora? Agora eu me retrato ouvindo uma canção muito bonita que fala da força do amor, do qual parece que me perdi ali, no entre os dedos. A vida é assim, entre os dedos. Entre eles tudo acontece; ou, nada acontece.
Corrdendo como areia, correndo pelo canal da ampulheta. Lembrar é res-sentir.
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