Fugir! Deixar tudo. Vontade desmedida. Uma sombra algoz que domina o ego. Que desmantela qualquer sentimento eminente. Qualquer um.
Lá estavam os olhos mais lindos que escolhi para amar. Pretos. Redondos. Brilhantes. Talvez prontos para me trazer o conforto que tanto almejei durante a minha curta e insignificante vida. Mas... por que, talvez? Por que não tenho certeza que esses olhos me trazem a segurança que tanto preciso? (...)
Lá estavam os olhos que escolhi para me deitar. Olha-los. Fita-los no cenho mais puro e simpático, o qual optei por doar-me, e talvez acreditar numa possível relação longa e auspiciosa. Mas... por que talvez? Por que não tenho certeza que esses anseios são reais e válidos para toda a vida? (...)
Lá estavam os olhos do ser que me aconchega, que me nutre, que me dá vontades de (re)construir. Quem sabe seja recíproco? Mas... por que "quem sabe"? Por que já não é recíproco? Por quê? (...)
Se o coração bater forte e arder...
Essa deveria ser a demanda energética para suprimir todas as incertezas. No entanto, o problema se torna aquém de um tato. Não é um avião de papel que podemos conduzi-lo em sua direção. Há ventos que nos moldam; há distâncias que nos criam; há sentimentos que nos dominam.
Definitivamente, lá estão os olhos que me fitam, neles é possível enxergar o possível, o impossível, o formidável e o incrédulo. Contudo, a imaginação se esvai; flui em um compasso célere e atravessa demandas mentais cada vez mais fortes.
Agora, o barquinho de papel que vai e vem, solta uma âncora que o estagna. Mantém-se ali; prende-se em uma rocha submersa à poça duma chuva fecunda, que molha e detona as maçãs de uma árvore verde e marrom. O ir se finda ali. O ir se finca ali. O ir deixa de existir. Junto, o barco molha às gotas. Não há sol que conserte; não há sombras da macieira que impeçam os ventos velozes.
O turbilhão se forma. A mente é o labirinto mais perigoso. Ali se tem formas, informas, manifestações do ID, manifestações do EGO, criações do SUPEREGO, e tudo tende a se transformar em uma montanha-russa. Não há barco de papel que suporte a adrenalina que se cria; as borboletas no estômago se fazem presentes sempre, e configura-se a ansiedade.
Para!
É o que os olhos pedem. Há de existir um dia em que a montanha-russa não será mais tão grande; um dia em que o barquinho de papel conseguirá navegar lentamente pela poça de água, o que ainda resta para viver sua liberdade; um dia em que a macieira dará maçãs reais, ao invés de apenas metáforas para compor sentimentos desnorteados; um dia em que o labirinto será menos tênue e perigoso, capaz de haver um longo sol quando a necessidade se fizer presente; um dia em que essa será apenas mais uma etapa que se deixou ir. Por ir. E foi. E nunca mais se fará constante.
Obrigado por ler até aqui!!
Comentários
Postar um comentário