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Ruptura


Um dia me disseram que viver feliz para sempre era uma grande ilusão. Não passava de uma vida que nem mesmo quando criança tivemos. Fiquei à míngua por algum tempo (salientando em mim essa angústia). E dentro de um vórtex de reconhecimento do que era importante para mim, regurgitei várias vezes essas sombras para tentar salientar a verdadeira saúde - pô-las para fora era o melhor caminho. 

Houve um tempo em que a doença não se fazia presente (não mais). Houve um tempo em que tudo era tão simples e bom. Sim, houve um tempo em que tudo era muito leve e fácil de ser levado; cheio de sombras benevolentes, e muita água fresca. Sinceramente, parece que foi ontem esse tempo.

Há um tempo de mudanças profundas, de motivações distorcidas, de sonhos mal-acabados, de risos frouxos. Não que se queira que haja. Mas há. O brilho do tempo que passou parece não conseguir alcançar a distância percorrida pelo hoje. A velocidade da luz pode ser sagaz, violenta, mas deixou de clarear os cenhos que se encobriram em uma sombra (outra, não tão boa). 

O futuro... Ah!, nem podemos pensa-lo. Ele é tão impotente neste presente. Sem que passemos pelo que há agora, não há porque pensarmos no que poderá existir. É um tempo que não se ressalta de importância, por mais que tenhamos vontade em dá-lo. Gostaria que fosse o que penso, o que reflito, e que os momentos se tornassem aquilo que almejamos, daquilo que tínhamos em mente. Mas, não o é.

Entristeço quando vejo a rosa lá fora, murcha, sem cor, sem sombra, e, muitas vezes, sem a água que o deixaria viva. A água não depende só dela (da planta). Suas raízes podem fazer tentativas à busca diante o arenoso. Mas ela também depende do que pode vir ao seu encontro. A água pode vir de diversas fontes... Quiçá, da mais saudável.

Entristeço quando olho o céu lá fora brilhando e me dizendo para contempla-lo, e eu só quero ficar dentro de mim, sem a vontade de sair; ficar apertado num canto se torna mais quente e acalentador. O mundo é mesmo um espaço frio, que requer muito amparo para se tornar melhor que esse lugarzinho que conquistei com tanto esmero.

Entristeço pela falta de compatibilidade, da ausência das ideias, das vontades distorcidas, e a possível traição do que se sente. A mudança repentina também me deixa no chão, jogado às ferozes criaturas que embebem-se na dor e gorfam centenas de rupturas em nossa mente. Não há velocidade que o tempo não possa superar; não há vontade que o tempo não possa apagar; não há símbolos e signos criados que o tempo não possa destruir... 

Não há sentidos, perfeitos ou imperfeitos, que superam a dor do desentendimento das flores que não operam; das sinergias que não se camuflam em apenas uma; das verdades que deixaram de ser.


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