Já parou para pensar no quão levianos somos?
A água da pia subia as paredes escarlates. Eram tenras as cores, eram duras, fortes, vorazes. Porém, não a consumia -- a água passava entre os vãos. Não havia doce; havia amarguras. Cenhos fechados. Uma derrota a caminho? -- Talvez fosse isso. Seria derrotada.
Uma noite surreal foi a causadora de tudo. Vive-se a mescla em chamas do que se foi e, talvez, do tudo que um dia virá. Essa água só ousa subir... Só ousa ir... passa por dentro de tudo. De todos!
Que leviana! Como ousa apenas ir, sem pensar suas rotas, seus medos -- será que ela não tem medo? Tudo o que vai, volta!
Há plantas nascendo, há gramas lá fora que estão em tons verdes claros, acreditando que tudo o que elas mais precisam é de alguém para polinizarem... E que a água que as banha é fecunda e honesta... límpida, incolor, sem nenhum odor.
Água leviana, como pode fazer isso com tanta planta, com tanta gente, com tanto amor, com tanto sentimento, com tanta espera, com tanto clamor e desejos pelo diferente? -- Todos apostaram em você, todos, inclusive eu; apostamos em sua benevolência.
Decepcionar-se é uma quebra; um rompimento que dói. Esperar arde. Fere.
A água agora cai em um esgoto, está suja, marcas dos caminhos, da areia que está contigo, dos restos vegetais que é claramente impressão física de todos os lugares que percorreu. Não há como fugir das marcas; não há como deixar de ser... Há como deixar de existir.
Vá água; espero que sejas límpida novamente um dia, que o cheiro que a contamina, se refaça na mais célere das sensações humanísticas para o retorno do seu desejo. Vá água; espero que seus tons amarronzados sejam filtrados e que um dia você volte ao ciclo brando e possa aprender com a insensatez que lhe fez cair nesse buraco.
Vá água.
Obrigado por ler até aqui!
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