“Há tantas coisas na
vida mais importantes que o dinheiro. Mas, custam caro.” (Groucho Marx).
“É pau, é pedra, é o
fim do caminho
É um resto de toco, é
um pouco sozinho (...)
É o fundo do poço, é o
fim do caminho
No rosto, o desgosto, é
um pouco sozinho.” (Tom Jobim, Águas de março).
Será que o nosso
desenvolvimento está nos levando ao que Tom Jobim revela em sua música de “É o
fundo do poço”, ou ainda, “É o fim do caminho”?!. Temos uma grande reflexão a
ser feita sobre o desenvolvimento que nos adormece. Estamos ausentes ou
presentes dentro no que tange o assertivo de imposições do governo? O que é o
governo dentro do caos do desenvolvimento entendido como panaceia de
realizações individualistas?...
Segundo o autor Ignacy Sachs, o pensar os direitos humanos surgiu apenas
pós-segunda-guerra-mundial, quando a caída do autoritarismo massacrante de
Adolf Hittler (assista ao filme A queda, dirigido por Oliver Hirschbiegel) deu
lugar à criação da ONU (Organização das Nações Unidas). No entanto, o pensar a
conscientização ambiental é ainda mais recente, pois só começou a ser pensada
quando se notou que o ser humano afetava com suas atividades e atitudes
antropocêntricas a biosfera, e, que nela, utilizava em demasia dos recursos
naturais para todos os processos de produção (sejam eles para a massa, ou para
uso pessoal-individual) — contribuindo com a geração imensa de resíduos. A
economia, então, passou a ser vista como uma ciência sombria.
Na conferência de
Estocolmo foi estabelecido dois grupos de pessoas (ou duas ideologias
ambientalistas — se é que podemos dizer que uma delas pensava no meio
ambiente). A primeira era os que previam abundância, na qual desconsideravam as
preocupações com o meio ambiente como algo importante — o crescimento
econômico, industrial, era o foco. A segunda, os pessimistas, anunciavam um
apocalipse caso o crescimento do consumo (um dos fatores) não fosse estagnado.
A perturbação ao meio
ambiente era vista como uma consequência da explosão populacional (levando em
conta a teoria Malthusiana), na qual revelava que a maioria pobre trazia mais
prejuízos ao meio que os poucos ricos (uma ideia que deveria ser repensada e,
quiçá, até refutada).
Conseguinte, foi
necessário pleitear um pensamento intermediário, em que se precisava negociar o
desenvolvimento com as propostas de estagnação da utilização dos recursos do
meio ambiente. O Encontro de Founex teve esse intuito, o crescimento econômico
não poderia parar, mas também não poderia afetar negativamente os recursos
ambientais. O que é ressaltado pela UNESCO-MAB, “a conservação da
biodiversidade deve estar em harmonia com as necessidades dos povos do
ecossistema”. Sendo assim, há a necessidade de se adotar padrões de negociadores
e contratuais de gestão da biodiversidade, para um aproveitamento racional e
ecologicamente sustentável da natureza, satisfazendo um componente de
estratégia do desenvolvimento.
Essa ideia de
desenvolvimento que engessa o processo de proteção do meio ambiente contra os
diversos danos que geramo-la, e aos possíveis métodos de amortigação, tende a
nos tornarmos mimetizadores (em termos de países sulanos) das características
hegemônicas de conservação dos países ditos desenvolvidos (nortistas), em seu
cume mais defeituoso, o pensar o planeta como sendo algo de interesse comum.
Esquece-se das individualidades. Já se perguntaram o que os amazonenses, por
exemplo, querem com uma hidrelétrica em suas terras?!... Já perguntaram às
populações originárias se elas querem que modifiquem algo para o
desenvolvimento que tanto se pleiteia em escala mundial?! Já perguntaram algo
que importasse mais à coletividade do que à individualidade materialista e
consensual da maioria dos donos do dinheiro?!... Bom, somos e vivemos em um
ambiente egocêntrico demais para isso.
O homem/A mulher
(independente de gênero — o ser humano) está tomando conta de tudo! Acreditar
numa natureza virgem é utópico! Sim! Infelizmente! Atuamos de maneira cada vez
mais severa, o que nos torna algozes demais pra esse planeta; mas, poucos notam
isso.
Agnacy Sachs utiliza da
economia de permanência para se referir a uma maneira de gerir os recursos naturais,
em que visa a perenidade dos mesmos. É algo que tem uma proposta muito
interessante, por fazer gancho com o Ecodesenvolvimento, por se tratar de uma estratégia
de proteção às áreas ecologicamente valiosas.
Pensar em uma maneira
de gerir os recursos naturais que seja eficiente e eficaz fora do pensamento de
desenvolvimento antropocêntrico é necessário; repensar atitudes coletivas e individuais
é importantíssimo no cenário que se forma como estanque do nosso processo
histórico (dos diversos setores que compõem a nossa nação).
“Se
o sujeito é constituído pelas coerções diversas em diversas relações a que está
preso, se ele é formado de maneira que determinadas regras, determinados modos
de pensar, agir e sentir são inscritos em sua formação mais fundamental
enquanto sujeito, então as relações são líquidas e as pessoas firmam relações
com essa liquidez (...)” (Zygman Bauman; site
Colunas Tortas).
É o que acontece com a
nossa sociedade, vive-se de liquefação. Todos nós estamos fadados a se utilizar
de discursos que nos fazem cada vez mais desprezíveis diante o meio. Pensemos o
que nos cerca; pensemos o que está por vir; pensemos o estado atual; pensemos
se é possível termos um desenvolvimento, de fato, sustentável. Pensemos... um
pouco mais.
Obrigado por ler até aqui!
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