Em cento e noventa e uma páginas, Fabrício Viana, autor de Theus: do fogo à busca de si mesmo (1ª edição), consegue exprimir uma gama de reações ao leitor que vão desde o desapego pela personagem principal a uma melancolia muito bem delineada e extremamente cativante. Este é um livro que conta a história de Júnior (batizado como Prometheus; ou então, chamado de Theus por seu grande amigo Gabriel), um rapaz que tem dramas do passado que pesam até o presente em sua mente. Morador do interior paulista, ele acaba indo parar em uma fazenda que faz a "cura gay" logo após uma grande desavença com seus pais depois que eles descobrem sobre sua homossexualidade. Lá, Júnior se depara com outra vertente da história e descobre que homens religiosos não é sinônimo de perfeição e nem mesmo de pureza; pelo contrário, descobre que os pastores evangélicos (a religião que parece ser relatada no livro) são grandes mentirosos, abusadores sexuais de menores e ainda homossexuais enrustidos, com muita homofobia internalizada. Depois disso, ele acaba fugindo e chegando à grande São Paulo, onde, acidentalmente, conhece Gabriel, quem o dá morada e comida pelo tempo que ele precisar.
A história pode ser divida em três partes, a primeira em que é relatado o presente que Júnior vive; a segunda, em que a personagem principal volta ao seu passado e nos banha com uma grande história de luta sobre a sua descoberta da orientação sexual e; a terceira, em que a personagem retorna ao presente e a história se torna mais emocionante e trágica.
A primeira parte desse grande romance cheio de núcleos muito relevantes dá a impressão de ser um livro fútil e mal ajustado, em que apenas será retratado a questão do sexo, tornando-o puramente orgânico; porém, não é isso que nos é revelado até ao seu término. A obra se torna meramente aconselhável e muito apreciável aos que querem ter uma ideia de como a religião afeta a vida das pessoas.
A segunda parte conta a história de Júnior e nos dá toda a gama de sofrimento que uma pessoa passa ao estar embebido em uma família tradicional e muito apegada aos mandamentos de uma religião.
A terceira nos revela o amor, a sinceridade das emoções e as tragédias que a não aceitação da orientação sexual do filho ou filha pode acarretar.
A parte romântica do livro fica nas entrelinhas e só é revelada no final quando os números que Gabriel tanto rasurava em seu caderno são decifrados e entendidos por Theus/Júnior.
Com uma linguagem simples e de fácil compreensão por qualquer tipo de leitor, o escritor expressa a questão do poliamor e da relação aberta e torna o livro cheio de temas que nos fazem refletir e pensar melhor sobre as possibilidades de se seguir um relacionamento. Enfim, o livro é recomendável e merece todo o nosso apoio para ser amplamente lido!
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