Nunca chegamos onde estamos sem termos passado por processos transmutacionais. Não há como. Há mudanças convergentes, divergentes, especulares, trata-se de uma mutação, de uma evolução, meios que nos selecionam e que nos trazem à tona; nos deturpamos, nos acrescentamos; são pitadas à gosto - dia após dia.
Tudo e todos que passam por nossas vidas nos fazem ser; e é isso que eu venho relatar nesse meu "mais um" texto, desse blog, meu refúgio das tantas lamúrias (que tive e venho tendo há tempos). É inexplicável a emoção que sinto agora, da alegria (voraz) que me consome. Do afago que eu tenho construído ao longo desses mais trezentos e sessenta e cinco dias que vivi, alguns dos quais sobrevivi, que aprendi, que chorei, que corri, que andei, que também abracei, amei, e, alguns, que sofri.
Lembro-me de quando tinha idade de criança; de quando tudo o que eu mais queria era chegar em casa depois da escola e ir pra rua brincar com meus amigos,ou de ensinar meus irmãos as regras dos números, de explicar-lhes o que era um verbo e um substantivo; de ensinar às pessoas ao meu redor o que eu queria ser, com quem eu queria estar, o que me motivava, o que eu sentia. Eu sentia (sinto).
Minha infância, assim como toda a minha vida, não foi fácil, foram muitos momentos difíceis, momentos que me fizeram ser o que sou (e o que busco e tento vivenciar). Agora eu tenho vinte e dois anos de idade, e posso te dizer, me sinto tão bem, tão feliz, tão alegre, tão realizado ao ponto de dizer que as coisas dão certo, basta a gente acreditar, pensar, idealizar, fazer. Basta a gente por pontos, sejam eles de término ou de exclamação.
Minhas amizades, minha família, minhas companhias, meus desenhos (minhas ilustrações). Sim. Meus desenhos me trouxeram onde estou; minhas especulações me fizeram ser o que está aqui. O ser que está nesse computador sentado à frente, digitando o que alguém, um dia, poderá ler, poderá sentir, junto, é singular. Sinto. Sinto tanto (muito (fica ambíguo)), que quase me perco por dentro dos sentidos que me compõem. São mais que cinco sentidos - bem mais.
Lembro-me das fases que tive, das discórdias, dos desequilíbrios, dos embaraços, dos distúrbios, das manias, do senso de maldizer, dos escárnios que fiz de mim mesmo. Da falta de acreditar que tudo poderia ser mudado. Das minhas falhas - muitas, aliás.
São meus pecados, meus tortos caminhos que me fizeram crescer, me fizeram ver o ser que me cerca, o indivíduo além da carne que me vê. Hoje, olho com pupilas de gigante, são desconcêntricas, são maiores que eu posso imaginar; hoje, eu as vejo, vejo além do que enxergava. Eu tenho aqui muita coisa, muita vida, muita sensação, muita paz, muita tormenta, muita pele, muito (con)tato.
E do que adiantaria falar que sou tudo isso hoje, senão olhar pras minhas fraquezas e assumir que sou um ser em construção e que minha vida é uma roda viva que anseia a multiplicidade, a interdisciplinaridade, a diversidade biológica; do ser que suga, que contempla, que ama, que se apaixona, que sofre e se encontra dentro de um amor que nunca vai findar - o de si mesmo.
Por isso, posso dizer-te que quero viver, o máximo que puder, para aprender, construir-me, desconstruir-me; sofrer, sorrir, chorar - e rir. Eu mereço ser feliz! (Todos!) Feliz anos de vida a quem faz aniversário hoje e que sabe, assim como eu, que todos os dias estamos aprendendo e nos refazendo (neste ciclo intermitente).
Poético, triste e ao mesmo tempo alegre, estimulante. Lindo
ResponderExcluirMuito obrigado, meu querido! É um prazer enorme ler seus comentários por aqui! Me impulsiona! Abração! ;)
ExcluirFeliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina. Cora Coralin
ResponderExcluirObrigado pelo comentário! Volte sempre! ;)
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