Imagem retirada de: http://myrellabrasil.com.br/wp-content/uploads/2015/05/O-olhar.jpg
Encantar-se... Algo que nunca saberemos quando acontecerá. A tentativa de fugir da realidade é árdua, é sagaz. Inequívoco, é insatisfatório. Essa é a sensação de estar pensando em alguém que se viu apenas uma vez (mas que a tocou). Um solstício de inverno. A demasia de sentimentos nos faz delirar, nos faz desprender energias de uma tarde de trabalho a pensamentos para alguém que nem está aí para abraçar-te, ver-te, beijar-te. Estar encantado, ou vulgo apaixonado (sem estabelecer conceitos prévios), é de fato uma ânsia, uma faca abrupta na faringe, que te pressiona e te sequestra em sensações estranhas, confusas, semelhantes à angústia.
Não sinta. Seria de toda uma felicidade se sentir não fosse prioridade; se ver e conectar-se fosse controlável. O contato visual tem um poder intenso, uma imensidade que acaba se passando em meio ao turbilhão de neurônios, o que muitas vezes nos faz nos perdermos. É inequívoco, é inevitável, é ilusório. É... Já não há mais adjetivos, superlativos ou sensações hiperativas... Há apenas um sentimento por alguém que não conhecemos e nem sabemos que atos tomam em suas rotas, quais objetivos tem em sua vida; mas, estamos diante de um caso de um olhar que permaneceu e ascendeu a esperança de que algo poderia surgir e florescer nesse solstício de inverno.
Não adianta olhar a tela do celular; esperar mensagens de um número que não se tem; que nem se sabe que existe; uma vida de demasias, de desesperanças. Isso vai fazendo de nós cada vez mais inóspito ao sentir, ao aspirar canções ou serenatas de um amor, as quais nascem e morrem todos os dias em nossa mente, quiçá no coração.
Você olha os cantos do ambiente (tudo só - há solidão), eles te julgam; isso é feroz e radical (muito). É terrível ouvir aquela música linda que toca seu ouvido (que te cria sensações desprendidas), que te satisfaz, que te mantém, ali, perdido em algo que nunca poderá ocorrer, ou mesmo que você conseguirá interceder. Já não há mais esperança de que sonhos se realizem, de que se tornem realidade, nem por um minuto (menos que isso não valeria a pena).
Sonhos... Olhares... Encantos...
É... parece que a vida é mesmo essa caixinha de surpresas, que não é obsoleta, muito pelo contrário, é uma rota circular que nos une, nos experimenta, mas não nos dá resultados fatídicos; é preciso buscar, olhar, interpretar, e não é pouco; é correlacionar os sons, as vozes, as letras, os semblantes, os gestos, os olhares, os gostos... [todos os sentidos].
Seria de toda uma felicidade se este solstício de inverno passasse e deixasse algo, mas que fosse marcante, recalcitrante e que revigorasse tudo o que há por vir. Que não haja a perda do amor, mas que a dor se afaste para dar espaço aos sentimentos mais intrínsecos e auspiciosos que há de ocorrer no interior de um ser humano.
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