Andava afastando-se daqueles que estavam ali apenas para driblar a multidão. Era acabrunhado, mas destemido. Era estonteante ver-se junto àqueles que nunca, jamais, se pensou que estaria. Era fabuloso. Uma anêmona marinha e cheia de tentáculos extravagantes dera-no a chance de ser o que era, e, agora, ele tinha a incrível missão de sair por detrás dos muros caóticos daquela imensa cidade e degustar do mais puro e árido sombrite que enaltecia a face entardecida e esvaziava a carne alheia. Bom, era ele quem teria a grande chance de descobrir em si mesmo o poder de estar ali, diante do que fora dado pela anêmona sagrada, o seu bracelete de chagas mortas, postas a destruir o universo; seu interior. Era esse seu vazio, seu martírio, a recompensa descontrolada e, quiçá, que debilitava-o francamente.
A mente pode parecer muito simples e de fácil compreensão; no entanto, nota-se que ao ser incumbido de coisas que o fazem tremer e balbuciar em tons lacunais, palavras moles e sem sentido, ideias complexas fazem-na um dorso impalpável. Dá-se, aí, o que chamamos de medo intrínseco. Por mais que ele já esteja em nós, o intrínseco vem para denotar a humilde e única questão de que ele é onipresente.
Seria um fato pressuposto se este fosse a ele, antes mesmo de andar debatendo como a anêmona que lhe fora boa um dia, um canal de conhecimento mútuo e exclusivo ao seu objeto de desconhecimento e de sua superação do medo, o qual, aliás, dava-o esperanças que o sombrio e deletério mundo estava o prejudicando e, mais uma vez, trazendo à tona a verdadeira identidade do ser que ele estabeleceu para si mesmo. Tinha enigmas em seu próprio interior. Sua cabeça, consequentemente, estava a mil, a milhas de distância do real e palpável sentido. Estava aquém da realidade que nos é considerada normal. Fraude...
Era fraude pensar que estamos constantemente envoltos por estúpidas e desconexas linhas de pensamento e de raciocínio, o que eleva-nos a um nível descontente e perturbador; o que pode gerar uma crise de ansiedade e fazer-nos chegar onde se chegou o ser que não conseguia dizer palavras sem tê-las em seu subconsciente como maldizeres de especiação contragradiante. Era terrível...
O terrível não era sinônimo de ruim e nem, muito menos, de fraqueza injuriante, era mais parecido com perversidade e demônios que circundavam a mais lúcida e difunda das entranhas que o ser humano pode ter, era de lá, com toda certeza, que vinham suas alusões, as quais o levariam a um fracasso congênito e cheio de ausência da perspicácia, o que o era mais que faltante, o que o desbravava a nível mortal e o destruía todos os dias, a toda hora, e a cada passo que dava dentro daquela avenida que não parecia ter mais fim.
Comentários
Postar um comentário