Já elogiou alguém hoje? Supostamente, sua resposta será um "não". No entanto, se eu te perguntar, já julgou alguém hoje? Contrariamente, sua resposta será um "sim". A probabilidade de julgarmos mais algo ou alguém do que elogiarmos, é muito maior.
Talvez você não tenha entendido ainda a ideia central deste texto; mas, fique tranquilo (a), explicarei.
Ao acordar, normalmente como eu faço, busco meu chinelo, procuro por ele, tento ver onde o coloquei quando me pus a deitar. Assim que o acho, saio e me deparo, quase que sempre, com minha mãe já pronta para a vida, e aí surge-me a instantânea pergunta: "Onde a senhora vai vestida desse jeito?". Ela me olha estranho, como se eu não devesse, àquela hora, fazer uma pergunta daquelas, e segue pondo meu café. Ao mesmo tempo que a recrimino ou a balbucio palavras que mais parecem um desaprovamento advindas de um julgamento, minha mãe libera um olhar sinistro e meio ofuscado aos meus e eu a olho intensamente. Ela retruca: "E isso é hora de acordar?". Nos mantemos calados.
Viu?!... Julgamos ambos. Os dois, por motivos até então desconhecidos, julgaram-se. No entanto, isso não cabe apenas às relações humanas, costumamos julgar tudo o que vemos, seja um ser animado ou um objeto decorativo, por exemplo.
O julgamento me parece ser intrínseco do ser, o fazemos sem ao menos perceber que estamos de fato o realizando. Quando caminhamos pelas ruas de nossa cidade, onde vivemos e já, por obséquio, tenhamos lúcido em mente as pessoas que nos cortam as vistas, realizamos o julgamento de como a pessoa está falando, de como está andando, do jeito que ela para ou ri, julgamos seus traços; muitas vezes há julgamento da própria vestimenta que tal "fulano" está usando naquele dia - talvez este último seja o mais comum.
Contudo, o pior julgamento que fazemos é aquele que realizamos quando não sabemos, de fato, o que está se passando com o ser a quem estamos julgando. Isto é, eu não sei da história e nem da vida de uma determinada pessoa e nada o que a cerca, mas julgo-a; tenho um fatídico momento de reflexão das suas ações (neste caso, soam-me pensamentos negativos a respeito dela). O fato daquela não ter feito algo que você, talvez, esperava, ou que você estava torcendo que ela fizesse, é um dos motivos mais óbvios para você julga-la de maneira negativa e já, daí a diante, montar uma imagem a este respeito sobre ela. Enfim, este julgamento sem precedentes é o típico julgamento do indivíduo que não sabe que cada ser é único em sua esfera, que cada um possui uma atmosfera que o rodeia e, que nesta, há problemas do dia a dia e, até mesmo, da vida toda, que estão deliberadamente inseridos. Fazer algo, ou deixar de fazê-lo, pode ser um indício que de alguma coisa não está bem com a pessoa a quem se esperava algo; ou então, é simplesmente uma oportunidade para você, que estava julgando os atos alheios, de ir até o indivíduo e pergunta-lo: "Está tudo bem?". Isso seria muito mais válido que ficar no seu mundo, julgando sem precedentes, o que um ser, assim como você (ser humano), fez ou deixou de fazer.
Na vida a gente entende que as pessoas precisam exercitar mais o lado da prospecção, aquele relacionado ao elogiar, expor mais o falo auspicioso bom das pessoas que os cercam, do que simplesmente julgar sem ao menos entender o que se passa no interior de cada um.
Se você, hoje, acordou e ainda não elogiou alguém, o faça assim que terminar de ler este texto, deixe de lado suas críticas sem fundamentos, passe a ver o lado bom que há em tudo que o cerca, deixe de pensar no "por que fulano é assim", e pense no "por que eu estou julgando ele assim?!"... Saía fora do que você acha certo ou errado e passe a ver o mundo como algo pluri, onde há "pluripensamentos", "pluriculturas", "plurigostos", "pluritendências", "pluriideias", "pluriuniversos"! Você, com certeza, não é o único que tem problemas e que precisa tentar resolvê-los todos os dias.
Se você gostou do texto acima e se sentiu atingido, diga aqui nos comentários, faça sua parte! Mas lembre-se, elogie mais! ;)
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