Há máscaras em todos nós, há um mundo que a gente criou e que ancora sofrimentos, perdas, angústias; sentir-se perdido é a mais célere calúnia dentro do seu EU.
Não há mais a senil das sensações dentro de nós. Por um tempo ainda tentei reconhecer um sentimento, algo que pudesse me dependurar em uma liberdade microscópica. Era uma estupidez. Não há. Perdi-me dentro, lá no fundo; o pacote de ouro, a clareza mais evidente - não os tenho. A vida que não gira se adentra em um facundo e auspicioso buraco, cru e nu - aonde se agarrar? - No choro.
Não era mais um subterfúgio tolerante; era sagaz demais permanecer preso às correntes que Platão tanto falou em suas cavernas, malcheirosas, mal pintadas, de dar arrepios. Formei-me em ser esquecido; azinhavrou-se...
Talvez seja muito complexo definir o sentimento da recusa, mas do pouco que posso falar está atrelado ao sentir em decomposição; não fétido, porque o cheiro revela o lugar onde estamos, e se o fosse, não seria a perdição em questão. Há um som que só a gente escuta, o som da incerteza, do desvio entre os caminhos amostrados, entre as vidas que todos os dias nos cruzam. Sentir-se perdido é um ato involuntário que está ligado a nossa história quanto seres em construção nesse mundo, no qual muitos acreditam ser irreal (eu não acredito em nenhum, vivo nulo há algum tempo).
No ato da resplandecência, noto que a fuga não é individual, é coletiva, há grupos pedindo socorro(s), elementos íngremes estão no subconsciente de muito ser vivo por aí; é inevitável deixar de lado nossos dramas, nossos medos, e toda a nossa angústia. O que me conforta não é o fato de estar sozinho nessa imensidão escura, mas a incrível característica que temos de ser mutáveis; e, se assim for melhor entender, bipolares.
Os rompantes, nesses momentos tortos, são os mais verossímeis para mim. Percebo que o impremeditável torna-se fabuloso na vida das pessoas; ele consegue se metamorfosear em presente quando quiser e não há recusa, só surpresas! Viver de súbitos é adoecer numa felicidade constante... Ah, como eu gostaria de viver apenas do inesperado, do incalculável valor da emoção - esta que se torna demasiadamente verdadeira! É sonho.
Perdidos estamos todos em um barco, cegos de um lado e de outro, fantasiando ideias, sensações, movimentos, todos sinuosos, os quais nem são reais. Mas o que é real para alguém que está perdido, não é mesmo? Aflição, amargura, desgosto... Estes são os únicos sentimentos iterados, lídimos, e só há uma explicação para que eles sejam assim onipresentes: são ruins.
A vida que não gira, que não muda, que não canta, que não salta, que não pula, que não busca; que não chora, que não move, que não cansa, que não sorri, que não enfrenta, que não briga, que não beija; que não aperta, que não sonha, que não pensa, que não balbucia; que apenas sorri, que apenas canta, que apenas anda, que apenas salta, que apenas busca; que apenas chora, que apenas cansa, que apenas enfrenta, que apenas briga, que apenas aperta, que apenas sonha, que apenas pensa, que apenas beija; ou que apenas alberga uma gama de situações passadas, fica!, fica para trás, em esquecimento, em falecimento, em linhas Tordesilhas - sem solução; morre!
E você, já se sentiu perdida(o)? Conte-me logo ali nos comentários! Deixe seu relato de uma das sensações mais ínfimas e angustiantes.
Obrigado por ler até aqui! ;)
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